Operação mira presidente da Mocidade e PM suspeitos de envolvimento na morte de Marcos Falcon, dirigente da Portela
18/12/2024
Investigações apontam conflitos entre a vítima e o bicheiro Rogério Andrade, preso desde outubro deste ano por outro crime. Flávio da Silva Santos, o Flávio Mocidade, e Marcos Falcon, presidente da Portela
Reprodução/TV Globo; Daniel Castelo Branco/Agência O Dia/Estadão Conteúdo
Promotores do Grupo de Atuação Especializada de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do RJ, cumprem mandados de busca e apreensão, na manhã desta quarta-feira (17), contra o presidente da Mocidade Independente de Padre Miguel e um policial militar lotado no 18º BPM (Jacarepaguá) no inquérito que investiga a morte do candidato a vereador e presidente da Portela, Marcos Falcon.
Os alvos são: Flávio da Silva Santos, o Flávio Mocidade e o 3º sargento da PM Fábio da Silva Cavalcante, o Cabelo.
Falcon foi morto a tiros em 2016 e os alvos da operação são ligados ao contraventor Rogério Andrade, patrono da Mocidade, preso em outubro deste ano por outro crime.
Os mandados expedidos pelo Juízo da 2ª Vara Criminal da Capital, a pedido do Gaeco, são cumpridos na Barra da Tijuca, na casa de Flávio; em Madureira, na casa de Fábio, e também na sede do 18º BPM.
Operação mira presidente da Mocidade e PM suspeitos de envolvimento na morte de Marcos Falcon, dirigente da Portela
De acordo com as investigações, a rivalidade entre Falcon e Rogério, era antiga.
O inquérito menciona a morte de Geraldo Antônio Pereira, que era amigo próximo de Falcon e inimigo de Rogério de Andrade; a suspeita de que Falcon teria participado de um atentado a bomba que matou um dos filhos de Rogério; e a possibilidade de Falcon e Geraldo Pereira estarem planejando matar o próprio Rogério.
De acordo com os promotores de Justiça, Flávio Mocidade, braço direito de Rogério Andrade, possuía ao menos duas fotos do corpo de Marcos Falcon, feitas logo após o seu assassinato.
O material foi encontrado no celular do presidente da Mocidade durante a Operação Fissão — sobre a morte de Fábio Romualdo Mendes, em setembro de 2021. Na ocasião, Flávio acabou sendo preso após os agentes encontrarem uma arma em sua casa. No entanto, ele foi solto na audiência de custódia.
Outra imagem armazenada por Flávio era de uma urna eletrônica exibindo o número de campanha e a foto da vítima, que já havia morrido quando aconteceram as eleições.
Também foram encontrados prints de mensagens suspeitas com o policial militar Anselmo Dionísio das Neves, conhecido como Peixinho, denunciado pelo MP por fraude processual, em agosto de 2023.
Algemado, o bicheiro Rogério Andrade é transferido
g1
De acordo com os promotores, Anselmo interferiu na investigação do homicídio de Marcos Falcon, retirando um dos celulares da vítima do local do crime.
A investigação apontou ainda a ligação entre Anselmo e Fábio, que teria sido um dos responsáveis pela tomada dos negócios deixados por Marcos Falcon após sua morte, em especial um chamado "campo do Falcon".
Ao g1, o advogado Carlos Lube, que faz a defesa do presidente da Mocidade Independente de Padre Miguel, informou que não teve acesso aos autos da investigação e que só irá se pronunciar após tomar ciência do caso.
A Polícia Militar informou que a Corregedoria da corporação apoia a operação. Ainda de acordo com a instituição, foi instaurado um procedimento para apurar a conduta do policial Fábio da Silva Cavalcante.
A reportagem tenta contato com a defesa dos outros citados.
Quem era Falcon?
Acusado no passado de pertencer a uma milícia e depois inocentado, Marcos Falcon era subtenente da Polícia Militar, licenciado para concorrer a uma vaga de vereador pelo Partido Progressistas (PP). Ele foi executado em 26 de setembro de 2016, dentro do seu comitê de campanha, em Madureira, Zona Norte do Rio.
Divisão de Homicídios investiga a morte do presidente da Portela, Marcos Falcon
Dois homens encapuzados e armados entraram no comitê de campanha do candidato, atiraram nele e saíram. Havia outras pessoas no comitê que não se feriram.
Casado com porta-bandeira Selminha Sorriso, Falcon tinha 52 anos. O ex-presidente da Portela já havia sofrido outros atentados.