Maurício Demétrio, delegado preso desde 2021 por suspeita de corrupção, é demitido da Polícia Civil do RJ
16/12/2024
A demissão foi assinada pelo governador Cláudio Castro na última sexta-feira (13) e publicada no Diário Oficial do Estado nesta segunda (16). Delegado Maurício Demétrio
Henrique Coelho / G1
O delegado Maurício Demétrio foi demitido da Polícia Civil do RJ. O decreto foi publicado nesta segunda-feira (16) no Diário Oficial do Estado. Ele está preso desde 2021 (veja abaixo mais detalhes).
A demissão foi assinada pelo governador Cláudio Castro na última sexta-feira (13).
A Polícia Civil disse que a Corregedoria investigou "as transgressões cometidas pelo servidor no exercício da função" e elaborou relatório recomendando a demissão (veja a nota completa mais abaixo).
O procedimento foi assinado pelo corregedor-geral Glaudiston Galeano Lessa e era um dos oito Processos Administrativos Disciplinares (PADs) referentes a 42 transgressões, que foram apuradas pela Corregedoria.
O g1 apurou que as investigações internas contra Demétrio na Polícia Civil têm mais de mil páginas.
Em janeiro, uma decisão do juiz Bruno Monteiro Rulière, da 1ª Vara Especializada em Organização Criminosa do Rio, já havia determinado a perda da função pública. Na mesma decisão, ele foi condenado a quase 10 anos de prisão por obstrução de justiça em regime fechado.
O que dizia a sentença:
condenação a 9 anos, 7 meses e 6 dias de prisão;
condenação a 52 dias-multa, totalizando R$ 367.120;
cumprimento da pena em regime fechado;
perda do cargo de delegado e qualquer outra função;
imediata demissão;
negado o direito de recorrer em liberdade.
Demétrio esteve por mais de 20 anos na Polícia Civil do Rio. Ele passou por diversas delegacias, quase todas especializadas — do Meio Ambiente (DPMA), do Consumidor (Decon), de Roubos e Furtos de Automóveis (DRFA) e de Repressão aos Crimes Contra a Propriedade Imaterial (DRCPIM).
Foi nesta última que, segundo o Ministério Público do Rio (MPRJ), o policial usava a estrutura para negociar e cobrar propina de comerciantes da Rua Teresa, em Petrópolis.
O g1 tenta contato com a defesa de Maurício Demétrio.
O Governo do Estado informou que a demissão aconteceu após a conclusão do Procedimento Administrativo Disciplinar (PAD) da Corregedoria (veja a nota completa mais abaixo).
Demissão do delegado Maurício Demétrio é publicada no Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro
Reprodução/ Diário Oficial do Rio de Janeiro
Preso em 2021 e réu por outros crimes
Demétrio foi preso na Operação Carta de Corso por suspeita de comandar um esquema que exigia propina de lojistas da Rua Teresa, em Petrópolis, para permitir a venda de roupas falsificadas.
Segundo o Ministério Público, as extorsões aconteciam quando ele era titular da Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Propriedade Imaterial.
As investigações começaram em 2019 com o depoimento de uma lojista de Petrópolis que se recusou a pagar propina de R$ 250 por semana. Dias depois de se rebelar, sua loja foi alvo de operação da delegacia chefiada por Maurício, com mais de 100 peças de roupas apreendidas.
Os promotores também acusam o delegado de cobrar propina para atrapalhar o trabalho da própria polícia, criar dossiês com dados sigilosos, e de ter tentado armar duas operações falsas.
Em janeiro deste ano, Demétrio foi condenado por obstrução de justiça. Ele também responde por abuso de autoridade, denunciação caluniosa, fraude processual e discriminação e injúria racial.
Ele está preso na Cadeia Pública Pedrolino Werling de Oliveira (Bangu 8), no Complexo de Gericinó, na Zona Oeste do Rio.
Foto de arquivo: delegado Maurício Demétrio em operação forjada, segundo o MPRJ
Reprodução
Nota da Polícia Civil
"A Corregedoria-Geral de Polícia Civil (CGPOL) investigou as transgressões cometidas pelo servidor no exercício da função e elaborou relatório recomendando a demissão. O documento foi apreciado e ratificado pelo secretário de Polícia Civil, delegado Felipe Curi, que encaminhou para o governador Cláudio Castro, na sexta-feira (13/12). O ato da demissão foi publicado no Diário Oficial desta segunda-feira (16/12)."
Nota do Governo do Estado
"A decisão da Justiça determinava a perda do cargo público. Por se tratar de processo que não transitou em julgado, não havia previsão de quando o desligamento efetivamente ocorreria. No caso da demissão, que cabe ao governador e se deu após a conclusão de procedimento administrativo disciplinar pela Corregedoria-Geral de Polícia Civil (CGPOL), o efeito é imediato."